SELECT * FROM (`pagina`) WHERE pagina_endereco = 'jornal-de-hontem-outubro-2017' AND pagina_status = 'A' AND (`pagina_ativa_ate` >= NOW() OR `pagina_ativa_ate` IS NULL) SAP-MT Superintendência de Arquivo Pública
jornal de hontem outubro 2017

Edições Anteriores

OS QUARENTA ANOS DA LEI DA DIVISÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO

                                                                                              Prof. Me. Angelo  Moraes

Em 11 de Outubro de 2017 completaram-se quarenta anos de promulgação da Lei Complementar Nº 31, a lei que criou o estado de Mato Grosso do Sul através do desmembramento de área do estado de Mato Grosso. Como dissemos em outra oportunidade, a “origem” dos processos históricos que remetem à divisão do estado de Mato Grosso sempre esteve, em maior ou menor grau, como que de maneira cíclica, relacionada à questão fundiária. A renhida disputa pelo poder político entre as oligarquias agrárias do sul e do norte (que era a detentora da hegemonia política durante a maior parte do tempo) foi o pano de fundo dos embates entre os partidários da divisão e àqueles contrários à idéia da criação de um novo ente federativo, desde o final do século XIX.

Todavia, a partir da metade do século XX, percebemos a emergência da primazia do caráter geopolítico na decisão que afetou a divisão territorial de Mato Grosso. A ditadura militar que tomou o poder através do golpe de Estado em 1964 sempre se mostrou atenta à questão da integração nacional, materializada em ações de estímulo à colonização dos chamados vazios demográficos e em abertura de novas frentes de comunicação dentro do território brasileiro. O entendimentos dos militares apontava para a divisão do estado como uma forma de fomentar o desenvolvimento econômico da região  - de grande extensão e que contemplava vários ecossistemas em seu território. Ao contrário de outros períodos históricos onde havia uma certa “estabilidade democrática” imperando no país, na década de 1970, a decisão de dividir Mato Grosso ao que parece já estava tomada e fundamentada em estudos e planejamento prévio, de modo que não houve uma consulta à população no sentido de que esta pudesse opinar sobre o que estava por acontecer. O próprio General Golbery do Couto e Silva, um dos teóricos do regime que mais tinha ascendência sobre o alto oficialato dos militares, havia produzido um estudo sobre as especificidades do estado: “Mato Grosso Terra e povo – Um estudo de geo-história”.

Esta perspectiva é corroborada pelo professor Carlos Gomes de Carvalho: “Já havia [...] desde o início do governo Geisel, um roteiro previamente traçado para concretizar o desmembramento. [...] Os ânimos eram bem diferentes na parte sul e no lado norte do Estado. Enquanto os sulistas estavam eufóricos, estes outros se mostravam inconformados. E as perspectivas sobre as quais se colocavam eram igualmente diversas: os do sul comemoravam e faziam planos para o futuro, no norte debatiam-se hipóteses para se tentar evitar aquilo que já era considerado como praticamente inevitável.”

O Jornal de Hontem de Outubro de 2017 traz a lume a cobertura de alguns periódicos a respeito do ato de assinatura da Lei Complementar nº 31. Os jornais também discorrem sobre as implicações políticas, sociais e econômicas decorrentes do reordenamento territorial na vida dos dois estado a partir de então. O Diário de Cuiabá estampa em sua página inicial no dia 11 de Outubro de 1977: “Mato Grosso divide-se hoje”. No dia seguinte, outra matéria reafirmando o pensamento do mandatário da nação: ““Geisel ao assinar a lei da divisão: “Tenho certeza que os 2 Estados serão poderosos da Nação”.” O Periódico O Diário de Mato Grosso traz a seguinte manchete no dia 12 de Outubro de 1977: “Estado de Mato grosso do Sul – Presidente sanciona lei complementar”; na matéria é destacada uma fala do Ministro do interior Rangel Reis dizendo que a divisão territorial posta em prática naquele momento era uma medida mais compatível com o atual estágio de desenvolvimento econômico e social vivido pela nação brasileira. Por fim, O Estado de Mato Grosso do dia 11 de Outubro de 1977, faz menção ao fato de Cuiabá, mesmo com a divisão, ainda ser a capital do terceiro maior estado do Brasil, o que seria motivo de orgulho para os mato-grossenses. 

                               

Para saber mais...

Conectado
Nada por enquanto...