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jornal de hontem junho 2016

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O DIA “D”

 

Prof. Me. Angelo Carlos Carlini de Moraes

Assim ficou marcada na História a data em que os aliados desembarcaram na costa francesa. Era 06 de Junho de 1944, quando milhares de combatentes das forças aliadas ocuparam as praias da região da Normandia dando início à chamada operação Overlord, a ação militar estratégica que definiria os rumos da 2ª Grande Guerra Mundial (1939 - 1945). Soldados britânicos, estadunidenses, canadenses, belgas, poloneses, holandeses e de outras nacionalidades, participaram da ofensiva que libertou a França, e em seguida a Europa, do domínio nazista.

Os eventos que deflagraram a 2ª Guerra Mundial têm relação estreita com os arranjos geopolíticos que se materializaram na Europa após o término da 1ª Guerra Mundial, duas décadas antes (1914 - 1918). A Alemanha, alijada de parte de seu território, limitada pelos países europeus em suas pretensões de expansão militar e com um clima interno de instabilidade política/econômica devido às obrigações financeiras assumidas com indenizações vultosas aos países vencedores da primeira guerra por força do Tratado de Versalhes (1920), foi, novamente, protagonista do novo conflito que se desenhava no horizonte. A diferença é que agora o confronto que se vislumbrava ultrapassaria em muito os limites do continente europeu. Outras causas importantes a exacerbar a instabilidade política internacional das décadas de 1920 e 1930 foram a proliferação de movimentos nacionalistas em países europeus, assim como as insurreições ocorridas em antigas colônias européias na África e na Ásia.

Em 1921 Mussolini chega ao poder na Itália com o Partido Fascista. Hitler é nomeado chanceler da Alemanha em 1933 sob a égide do Partido Nacional Socialista Alemão. Somados à ascensão dos partidos fascistas em nível institucional, aconteceram eventos de natureza claramente intervencionistas como a ocupação militar da Etiópia pela Itália em 1935 e a invasão japonesa da China em 1937. A Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) também desempenhou papel decisivo no já conturbado panorama político europeu, tensionando objetivamente a relação de forças entre as fronteiras nacionais. De fato, como mostra o historiador Eric Hobsbawm: “... a Segunda Guerra Mundial foi global. Praticamente todos os Estados independentes do mundo se envolveram, quisessem ou não, embora as repúblicas da América latina só participassem de forma mais nominal. As colônias das potências imperiais não tiveram escolhas.”

Nos três primeiros anos da guerra, as ações militares dos países do “Eixo” (Alemanha, Itália e Japão) foram bem sucedidas em várias frentes de combate.  Em específico, o avanço das tropas alemãs pelo leste europeu, adentrando o território soviético a partir de Junho de 1941 através da Operação Barbarossa, pressionou os russos que demandavam por uma participação mais efetiva dos aliados no front ocidental.  O desequilíbrio a favor do exército de Hitler em um primeiro momento gerou temor e assombro no continente europeu e em todo o mundo. A virada dos aliados começa a se consolidar entre 1942 e 1943, contando já com a participação efetiva dos Estados Unidos na guerra em função do ataque sofrido pelos japoneses à base de Pearl Harbor, Havaí, em dezembro de 1941.   

Os jornais mato-grossenses que compõem a hemeroteca do Arquivo Público de Mato Grosso reverberam o clima de ansiedade sentido na população pelo possível desembarque das tropas aliadas na Normandia. No dia 04 de Junho de 1944, o jornal “O Estado de Mato Grosso” especula se o ataque aliado terá seu início pela ilha francesa da Córsega: “Seria a invasão? A Córsega seria o “trampolim” para o assalto continental”. No dia 07 de Junho de 1944, um dia após o início da missão aliada, o mesmo jornal destaca em sua capa a seguinte manchete: “Começou a invasão! Os exércitos de libertação, apoiados por 11.000 aviões, visam Caen e Cherburgo, na costa da Normândia”. Na mesma página, estão estampadas as figuras de Winston Churchill, Josef Stálin e Franklin Delano Roosevelt, primeiro ministro britânico, o líder da União Soviética e o presidente dos Estados Unidos da América, respectivamente, tidos como os grandes artífices do plano de libertação europeu. No dia 11 de Junho, o referido periódico traz matérias sobre o desenrolar da ofensiva aliada com a seguinte manchete: “Bombardeado os arredores de Paris”.

As conseqüências econômicas e políticas da 2ª Guerra Mundial se fizeram sentir em graus variados por toda a comunidade internacional. Houve um reordenamento geopolítico dos países envolvidos na “mãe de todas as guerras” nos anos vindouros. Vide a eclosão da chamada “Guerra Fria”. A criação da ONU em 1945 foi emblemática no sentido de atestar uma vontade geral das nações na tentativa de “manutenção da paz”. As bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, nos estertores da guerra, mostraram ao mundo do que a “razão instrumental” elevada à enésima potência era capaz.


                                               

IMAGENS:

 

“Seria a invasão? A Córsega seria o “trampolim” para o assalto continental”. O Estado de mato Grosso, p. 1.

“Começou a invasão! Os exércitos de libertação, apoiados por 11.000 aviões, visam Caen e Cherburgo na costa da Normândia.” O Estado de mato Grosso, p. 1.

“Bombardeado os arredores de Paris”. O Estado de mato Grosso, p. 1. 

 

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